Importa que se saiba
11/06/2019 10:24:37
Todos sabemos que a qualquer hora do dia ou da noite há
sempre bombeiros em movimento para prestar socorro e apoio a qualquer cidadão
que deles precise.
Trata-se de uma certeza que todos temos, mas que, em abono
da verdade, importa que, apesar disso, seja objeto do destaque que
incontornavelmente os bombeiros merecem.
É tão verdade e tão convicção generalizada na sociedade
portuguesa que os bombeiros estão em todas as situações de socorro que, até por
isso, se corre o risco de ver vulgarizado e até desvalorizado esse facto.
Porque já é rotina, porque já se conta com isso, porque já é comum.
Ora, cabe-nos defender que, apesar de comum e até rotina, é
importante que os portugueses saibam regularmente quantos bombeiros estiveram
em ação e em que circunstâncias.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, pelos
vistos, também não sabe quantos bombeiros intervieram nas mais diversas ações,
a ser verdade aquilo que se passa semanalmente no briefing que se realiza em
Carnaxide na presença dos oficiais de ligação de todos os parceiros da proteção
civil.
Semanalmente, a ANEPC divulga um mapa onde identifica todos
os tipos de intervenções registadas durante a semana anterior e o número global
de operacionais que nelas tomaram parte. Esse número, contudo, é genérico e não
se encontra desagregado, como era lógico e correto fazê-lo. Essa desagregação
deveria permitir saber, perante um número total de operacionais, quantos
bombeiros e outros fazem parte dele.
Para nós, não é uma questão de somenos importância e, com
regularidade, temos chamado a atenção da ANEPC, não só para o facto, mas
essencialmente para a exigência de que essa situação seja resolvida. De um
número genérico de operacionais queremos saber com rigor quantos bombeiros
fazem parte.

Por mera extrapolação, a ANEPC considera que, do número
global de operacionais, 90 por cento são bombeiros. Mesmo assim, estamos em
crer que até serão sempre muitos mais. Mas o que importa é que, definitivamente,
se passe do mero campo das hipóteses e se centrem apenas no campo das certezas.
Por diversas vezes, e por maioria de razão, a Liga dos
Bombeiros Portugueses tem chamado a atenção para essa clamorosa falta de
informação cuja importância e utilidade são inquestionáveis, salvo para a ANEPC
que teima em não corrigir a situação.
Em cada intervenção, todos sabemos que os corpos de
bombeiros informam os respetivos CDOS sobre a tipologia, número de viaturas e
de bombeiros envolvidos. Essa informação, sempre prestada e registada
informaticamente, pelos vistos acaba por se perder e não permitir o apuro final
e nacional dos bombeiros envolvidos.
Por sugestão da LBP, o Instituto Nacional de Emergência
Médica também já desagrega semanalmente do número geral de intervenções quantas
couberam aos bombeiros. E, inclusive, faz até a destrinça entre as intervenções
realizadas por associações e corpos de bombeiros enquanto Posto de Emergência
Médica (PEM) ou Reserva.
Numa determina semana, por exemplo, é possível saber que coube
aos bombeiros executar 13564 de 16082 intervenções pré-hospitalares, ou seja,
perto de 85 por cento. E, se partirmos desses números facilmente também podemos
concluir que estiveram envolvidos, pelo menos, 27128 bombeiros a operar as
ambulâncias de socorro, fora muitos outros que os acompanham tantas outras
vezes.
Ora, se o INEM consegue obter e divulgar de forma detalhada
os dados relativos ao número de serviços prestados pelos bombeiros, a ANEPC
também poderá e deverá fazer o mesmo.
Trata-se de respeitar e ser fiel à verdade. Não só os
bombeiros merecem ser mais bem tratados como importa que todos os portugueses
saibam regularmente o que eles fazem.
Todos sabemos que os bombeiros são muitos e bons e importa
que isso seja dito. Contudo, deve ser dito com rigor e transparência. E mesmo
que possa ser considerado óbvio e consensual nada poderá ou deverá ficar por
ser dito e melhor conhecido.
O que quer a ANEPC esconder e porquê?